quarta-feira, 8 de junho de 2011

Redação de Gabriela: Qual O Valor da Amizade?

Perguntamos para nossos pais se eles ainda falam com seus amigos de infância. A resposta, como esperado, é "não". Vemos essas pessoas nos hospitais, tomando pílulas para superar a depressão, e nos perguntamos como chegaram a isso. Observamos pessoas que, antes populares e cheias de amigos, colocam um aparelho e logo não têm com quem se sentar na hora do recreio. 
Todas as amizades precisam acabar assim?
Até nós mesmos passamos por isso. Podemos ficar aqueles nove meses perfeitos grudados com nosso melhor amigo, compartilhar segredos e ir a festas do pijama. Então, no ano seguinte, um de nós repete de ano ou muda de classe, o outro vai para outra cidade... E então, quando passamos pelos corredores e batemos os olhos um no outro, logo desviamos o caminho ou passamos reto. É como se aquele nunca tivesse sido nosso irmão um dia, para quem sussurramos o nome de quem beijamos ou comemos pipoca enquanto assistíamos filme até tarde da noite. Abrimos suas fotos na internet e vemos que ele continua fazendo exatamente a mesma coisa...
Só que com outra pessoa.
Hoje eu fecho os olhos, e derivo para me desligar da realidade. Os últimos quatro anos passaram voando, e em um piscar de olhos eu não tinha mais 10 anos. Hoje eu observo as meninas do período da manhã, um dia consideradas amigas, agora empinando a saia para o primeiro que aparece. Os últimos quatro anos mudaram muita coisa, coisas que não imaginei que fosse possível. Hoje eu me pergunto se existe mesmo amizade eterna, verdadeira, por mais que seja boa. Os últimos quatro anos têm me provado isso: na sexta série, por exemplo. Uma amiga chegou a me abraçar e quase chorar devido a algumas boas verdades que disse sobre ela em frente em toda a classe. Jamais vou esquecer: "ai, Gabi, eu te amo, eu te amo!" Hoje, eu a vejo ao lado do namorado, do outro lado da rua, sem ao menos se lembrar do meu nome. Isso me tortura tanto quando o garoto que, quem sabe, um dia fosse mais do que meu melhor amigo, mas perdeu contato completo depois que foi para fora desse estado. 
Não acredito que tenham mudado tanto. Esboço um sorriso quando penso nisso. Podem continuar as mesmas pessoas de sempre, com gostos diferentes, mas as mesmas. Não importa o quanto aparente que sim, a verdade é que eu jamais esquecerei com quem estudo e estudei. Isso não é algo que o tempo vá mudar em mim. 
Nunca esquecemos das pessoas, mas elas podem nos esquecer. Assim como é raro encontrar um garoto perfeito, a amizade também está difícil. Não quero acabar como minha mãe, cujo as únicas amigas são as funcionárias, ou como o meu pai, que só tem amigos quando o assunto é cerveja e futebol. Não quero ser como o meu irmão que, depois de conhecer a pessoa por uma semana, já firma toda a sua confiança nela para depois se arrepender. Não quero ser como minha irmã que, por mais que conhecesse a garota desde os três anos, depois do Ensino Fundamental nunca mais falasse com ela. 
É raro encontrar alguém importante. A única coisa que resta e torcer para que elas não se esqueçam de mim: não compartilho, mas jamais esqueço um amigo, posso descrever a pessoa desde meu maternal até os dias de hoje. E, se elas entrarem nesse jogo comigo, nossa amizade não será algo que acabará no ano que vem, quando cada uma for para um lado. 
De minha parte, não deixarei isso acontecer, porque pessoas como meus colegas de classe não é algo que se encontra na rua ao lado.

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